Ciência e sociedade: um terrário como um um miniecossistema
- Hilcielly Antunes; Juliana Soares; Laryssa
- 27 de nov. de 2017
- 6 min de leitura
O plano de aula foi elaborado a partir do texto “Folhas fazendo papel de raízes. Como assim?”. O objetivo da atividade proposta é juntar a fotossíntese, ciclo da água, transpiração e respiração, de uma forma que os alunos entendam que são processos diferentes, mas dependentes e em que a planta é beneficiada quando as folhas assumem papel de raízes. Nas atividades também temos como proposta uma interdisciplinaridade com professores de português e geografia, pois vamos tratar da composição de solo durante a prática.
Conteúdos a ser trabalhados:
• Entender e aprender quais as estruturas que participam da fotossíntese e suas funções durante o processo.
• Como ocorre o ciclo da água, a respiração e transpiração nas plantas. Quais as estruturas envolvidas nestes processos.
• Compreender o papel das folhas no processo de fotossíntese.
• Compreender o papel das folhas durante a transpiração e respiração e porque realizam função de raízes em processos durante uma fase ou o local em que se encontra determinada planta.
• Compreender as vantagens de a folha agir como raiz para plantas.
• Desenvolver a capacidade de ler, escrever e compreender conteúdos por meio das aulas investigativas.
• Desenvolver e compreender a importância de convivência com as plantas (Fauna e Flora).
Faixa etária sugerida: 7° ano.
Conhecimentos prévios que podem ser trabalhados:
• Relação homem e meio ambiente.
• Conhecimento do ciclo da água e fotossíntese.
• Fauna e flora.
Materiais necessários, estratégias e recursos utilizados:
Quadro, datashow, papel para que o aluno possa anotar suas descobertas durante a aula prática (bloco de notas), canetas para os alunos e professores e o material necessário para realizar a aula prática.
Sequência didática
ATIVIDADE 1: Contação de história – Florinha e a fotossíntese
Referência: "Florinha e a Fotossíntese" - Col. Viramundo - Saraiva, por Samuel Murgel Branco
Disponível também neste link.
Tempo previsto: 30 a 35 minutos.
Descrição: O professor pode ler com os alunos ou pedir aos alunos que acompanhem a leitura e assim eles possam ler em alguns momentos.
ATIVIDADE 2: Leitura do texto (Folhas fazendo o papel de raízes. Como assim?) e estudo dirigido
Tempo previsto: 50 minutos.
Descrição: O professor vai realizar a leitura do texto com os alunos e pedir que os mesmos marquem palavras desconhecidas. Durante a leitura, ele pode ir explicando o significado de palavras novas que surgirem e seus conceitos, ou pedir para que os alunos pesquisem. Após a leitura, o professor deve orientar os alunos e entregar o estudo dirigido.
Folhas fazendo papel de raízes. Como assim?
Daniela Boanares; Rosy M.S. Isaias; Marcel G.C. França
A maioria das pessoas já ouviu falar sobre o ciclo da água: a água da chuva penetra no solo, é absorvida pelas raízes das plantas e depois chega até as folhas. Esse processo é importante para a vida da planta, uma vez que a água é essencial aos processos da transpiração e fotossíntese. Sim! As plantas transpiram vapor d’água pelas folhas e absorvem o gás carbônico para a fotossíntese!! O vapor d’água que é perdido para a atmosfera condensa e dá origem às chuvas. Assim, esse movimento da água ocorre do solo para a planta e depois para a atmosfera. Mas o que a maioria das pessoas não sabe é que a água pode fazer o caminho contrário.
Isto mesmo! Ao invés de as raízes absorverem a água no solo, são as folhas que desempenham o papel de absorverem água da atmosfera! Assim, o sentido do movimento da água muda: a água entra a partir da atmosfera para a planta e depois se movimenta por dentro da planta em direção ao solo. Mas, para que isso ocorra, é necessário que o ar esteja mais úmido que o interior das folhas. E às vezes o solo está tão seco, que a água pode seguir das folhas até as raízes, molhando o solo.
É incrível, além de ser muito importante para muitas plantas! Sabia que em uma sequóia gigante, a água pode demorar até um mês viajando das raízes até as folhas? Neste caso, com a capacidade de absorver água, as folhas podem se hidratar bem mais rapidamente.
Algumas plantas capazes de absorver água pelas folhas levam água até às raízes e umedecem o solo. Isso favorece o estabelecimento de outras plantas que não possuem raízes tão profundas para chegar até o lençol freático ou que não são capazes de absorver água pela folha. Um exemplo de situação favorável para que ocorra a absorção foliar é a presença de neblina. Imagine um ecossistema de altitude, com solos empobrecidos, muita luz solar e com a estação seca numa época do ano e a estação chuvosa em outra.
Na estação seca, como o próprio nome já diz, a chuva é bem escassa, e pode ficar de três a quatro meses sem chover. Um tipo de ecossistema assim é o Campo Rupestre Ferruginoso, mais conhecido como Canga. Por ser um local de elevada altitude, a neblina é um fenômeno frequente e tem um papel ecológico muito importante. Na estação seca, a presença da neblina se torna a principal fonte de água disponível para a vegetação.
Então será que as espécies de Canga conseguem aproveitar essa oportunidade e absorver água de neblina pelas folhas? Sim!!! Várias plantas deste local absorvem água pelas folhas. E ainda mais, possuem estratégias diferentes: algumas plantas absorvem rapidamente e não reservam água nas folhas. Já outras absorvem lentamente, mas conseguem armazenar a água. Ou seja, algumas plantas são dispendiosas e outras econômicas. O desafio agora é saber, o que as folhas dessas plantas têm para se comportarem de maneira diferente? Existe uma estratégia das folhas que é a melhor para essas plantas? Para responder a estas perguntas, estamos estudando a composição das células vegetais para saber quais características favorecem a absorção de água pela folha.
Mas para que serve todo este estudo? Não podemos esquecer que a Canga é um dos ambientes mais ameaçados devido à ação de atividades econômicas como a mineração. Além disso, as mudanças climáticas já estão acontecendo e a previsão é uma redução da frequência de neblina nestes ambientes tropicais de altitudes. Isso pode levar à extinção de diferentes espécies vegetais, ocasionando uma mudança na paisagem destes ecossistemas. Saber se a capacidade de absorção foliar pode interferir neste cenário é tentar responder a pergunta seguinte: quem tem mais chances de perseverar diante tais mudanças?
(Texto produzido a partir do trabalho científico desenvolvido por Daniela Boanares, Rosy Isaias e Marcel França, no Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da UFMG, disponível em: http://pos.icb.ufmg.br/pgbot/)
ATIVIDADE 3: Prática – como fazer um terrário e observação
Tempo previsto: 50 minutos e observação por 1 a 2 semanas.
Descrição: Durante a aula vamos relacionar a transpiração, fotossíntese e o ciclo da água tentando demonstrar como estes processos ocorrem e como as folhas participam do processo de fotossíntese e porque neste caso as folhas estão fazendo o papel de raízes, e mostrando qual a vantagem desta ação para as plantas.
A prática consiste em montar um terrário com os alunos, sendo assim, um terrário vai ficar exposto a incidência de luz solar, o outro terrário ficara exposto a incidência de luz artificial, um ficará em ambiente com baixa incidência de luz e o último em um ambiente escuro, assim os alunos poderão perceber a diferenças que vão ocorrer nas plantas.
Montagem do terrário: Para a montagem do terrário é necessário que o professor escolha a espécie de planta mais adequado ao que foi proposto, estou postando aqui as espécies que são indicadas para a confecção do terrário.
Devem ser plantas miniaturas ou pequenas forrações como: "Musgo-tapete" (Selaginella kraussiana), fitonia (Fittonia sp.), piléa brilhantina (Pilea microphilla), peperômia melancia (Peperomia sandersii), peperômia marrom (Peperomia caperata), mini violeta (Saintpaulia sp.) e pequenas samambaias como a mini-samambaia havaiana (Nephrolepis exaltata ‘Marisa’).
Algumas bromélias de pequeno porte também poderão ser utilizadas como as Tilandsias (Tillandsia sp.) e Criptanto (Cryptanthus sp.), desde que o substrato usado seja adequado a elas.
Após selecionar a planta que será utilizada iniciamos a confecção do terrário.
• Observam-se os seguintes itens:
Para a drenagem, cubra todo o fundo do terrário com pelo menos 2cm de pedriscos ou cascalho; espalhe pedaços de carvão por cima e em seguida coloque uma camada de areia.
• O preparo do solo:
Em geral, as espécies indicadas para terrários necessitam de solo fofo, poroso e rico em matéria orgânica. Sendo necessário duas partes de terra vegetal peneirada e uma parte de composto orgânico.
• Composição do arranjo:
Como no minijardim, a montagem do terrário é feita como se fosse uma réplica em tamanho reduzido de um jardim ao ar livre. Depois da drenagem feita e da colocação da mistura de plantio, deve ser estudado a forma da composição.
• Posicione as espécies mais altas primeiro em seguida as outras menores:
Para cobrir os espaços de terra pode ser utilizado areia ou pedriscos.
• A rega deve ser feita cuidadosamente logo após o plantio e apenas deve ser repetida quando o substrato secar e não haver mais umidade no recipiente.
• A remoção de ervas daninhas, poda e adubação devem ser praticadas somente quando necessário.
Passo-a-passo para a montagem do terrário retirado deste vídeo.
FORMAS DE AVALIAÇÃO
Durante a aula e leitura da "Florinha e a Fotossíntese", pode-se pedir que os alunos confeccionem histórias em quadrinho ou livros.
A participação dos alunos também deve ser avaliada, bem como um estudo dirigido sobre o texto, e as observações e anotações da aula prática e com base nas anotações (deve-se pedir que os alunos proponham hipóteses para o que ocorreu com a planta que seu grupo acompanhou).
Sobre esta atividade: atividade proposta pelos alunos Hilcielly Antunes, Juliana Soares e Laryssa Cristine, na disciplina Laboratório de Ensino em Botânica, da Universidade Federal de Minas Gerais, em novembro de 2017, ministrada pelos professores Bruno Garcia e Rosy Mary dos Santos Isaias.
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